quarta-feira, 25 de maio de 2011

A Otan promove ataques terroristas na Líbia



A grande maioria dos jornalistas brasileiros e estrangeiros escreve sobre a Líbia aquilo que leram nos informes das agências internacionais de notícias, na maioria financiadas pelo governo norte-americano para publicar mentiras, lixo televisivo e escrito. E a maioria das pessoas pensa sobre a Líbia aquilo que receberam dos jornais e televisão: mentiras, lixo.
No meu caso, ninguém me contou, eu vi um país progressista, governado por pessoas interessadas em levar educação, habitação, segurança e conforto para as pessoas. Um país onde se pratica a democracia direta, onde o povo se reúne nos bairros e forma Conselhos e Comitês Populares para decidir sobre seu governo, exercendo o poder sem intermediários, por isso construiram o melhor IDH da África, maior até que alguns países europeus.
A cidade de Trípoli é uma das mais belas do mundo. Tem praias belíssimas, arquitetura moderna e antiga. Ninguém me contou; eu vi.

A Líbia que eu conheci
Em 1986 eu era um jovem estudante que participava de um programa de intercâmbio cultural na Líbia. Estava hospedado no Hotel Bab El Bahar, na frente do mar Mediterrâneo. Um belo dia, ouvimos explosões de bombas lançadas por aviões norte-americanos sobre a capital líbia, e fui forçado a deixar o país ao lado de outros brasileiros, dentro de um avião que sobrevoava as dunas do deserto para fugir dos radares dos aviões norte-americanos que atiravam em tudo e em todos.
Naquele ano o ataque fracassou, e para tentar novamente neste ano, o presidente Barack Obama recorreu aos seus aliados - governos da Inglaterra e França - para tentar uma nova aventura militar terrorista.
Ao regressar ao Brasil escrevi um livro sobre o ataque norte-americano à Líbia, e participei do Movimento dos Apoiadores do Livro Verde, o que me levou a fazer outras viagens ao país para participar de eventos e congressos internacionais.
A Líbia que conheci pessoalmente é um país fabuloso, onde as pessoas são solidárias e hospitaleiras. Um país sem pobreza, sem miséria, onde cada cidadão tem sua casa, sua renda, desfruta de saúde e educação gratuitas. Na Líbia a casa é de quem mora nela; é proibido alugar imóveis residenciais. Os trabalhadores são sócios na produção, são associados e não assalariados. A terra é de quem trabalha a terra, e não de especuladores. As riquezas advindas do petróleo são socializadas. Portanto, o país representa um péssimo exemplo na visão do governo norte-americano.
Nos últimos anos a construção civil na Líbia experimentou um verdadeiro “boom”. Todos os bairros de Trípoli foram transformados em canteiros de obras. Trabalhadores de diversos países - Brasil, China, Índia, Rússia entre outros - construiam edifícios que pareciam competir com os famosos edifícios de Dubai nos Emirados Árabes Unidos, com a diferença de que na Líbia esses edifícios não estavam a serviço de milionários estrangeiros, como acontece em Dubai, mas a serviço do próprio povo líbio.
Pelas ruas de Trípoli era possível adquirir produtos do mundo inteiro, produtos de qualidade, de griffes famosas, por preços justos, sem impostos ou taxas exorbitantes.
Na Líbia custa mais caro um litro de água do que um litro de gasolina. O valor do litro de gasolina é de 10 centavos de dólar, quase nada.
Pelas ruas da cidade são vistos carros luxuosos, de marcas famosas, que custam a metade do preço praticado na Europa ou EUA.
O que está acontecendo hoje na Líbia é um assassinato em massa promovido e patrocinado pelo governo dos Estados Unidos da América, utilizando a Otan e os governos da França e Inglaterra. Estão bombardeando prédios e casas da população civil diariamente. É um massacre covarde e impiedoso em um mundo onde a lei do mais forte - o capitalismo selvagem - domina tudo e todos com a força de sua moeda, mas principalmente pela força militar sanguinária.

Ano de 1996 - O 1º ataque
Não é de hoje que o governo norte-americano tenta dominar o povo da Líbia. Em 1986 eu estava lá quando iniciaram os ataques terroristas da Força Aérea dos Estados Unidos da América que mataram centenas de pessoas inocentes, incluindo a filha caçula do líder Muamar Kadafi, Hana, de apenas 2 anos de idade.
Na época a desculpa dos americanos era combater o governo líbio que estaria apoiando grupos terroristas. Kadafi apoiava o líder Nelson Mandela, com ajuda econômica e militar para combater o regime de aparthei na África do Sul. Somente EUA e Israel apoiavam os racistas sul-africanos, mas a Líbia foi bombardeada porque lutou contra o racismo.
Se Kadafi agisse como os reis e príncipes árabes, que acumulam riquezas e condenam seus povos à ignorância e pobreza, com certeza não seria incomodado pelo governo dos Estados Unidos da América, porque sem apoio popular, os monarcas árabes são obrigados a se submeter aos interesses criminosos do governo norte-americano, que passa a saquear as riquezas do país em troca de apoio militar aos governantes corruptos.

Ano de 2011 - O 2º ataque
O segundo ataque à Líbia foi realizado no início de 2011 e contou com a maior força militar do planeta: forças de cinco países - Estados Unidos, França, Canadá, Itália e Reino Unido - começaram a atacar de forma covarde e terrorista para apoiar grupos de rebeldes financiados pela CIA e organizados pela Al Qaeda no leste do país - justamente a região produtora de petróleo e gás natural.
Para dar alguma “legitimidade” aos ataques à Líbia - patrocinados pelos governos dos EUA, França e Inglaterra - rasgaram mais uma vez a Carta das Nações Unidas, como fizeram em relação a Sérvia, Iraque, Geórgia e Afeganistão.
Entre os motivos desta guerra de dominação para roubar petróleo, guerra colonialista, está o fato de Kadafi anunciar meses atrás o lançamento de uma moeda regional com lastros em ouro, para fazer frente ao dólar nas transações econômicas internacionais, exatamente como tentou fazer o Iraque no tempo de Sadam Hussein, e a Síria e o Irã - países que estão na mira dos imperialistas.
A economia norte-americana não sobrevive sem guerras. O país é o maior fabricante de armas, e a maioria dos políticos recebe financiamentos das indústrias bélica e petrolífera. A imprensa é mercenária: vende mentiras como se fossem verdades. A riqueza dos imperialistas e colonialistas é construida com o sangue dos inocentes, desde os séculos passados.
José Gil

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